Deixar de sentir falta... é como se uma parte de nós, antes tão inquieta e desassossegada e até mesmo sofrida, finalmente se rendesse ao silêncio. No início, parece impossível — quase estranho, talvez até injusto, nem sei bem. Há aquela dorzinha quase constante, aquela lágrima que escorre sem que a consigamos evitar, aquele impulso de imaginar “e se”, como se a ausência fosse uma espécie de companhia inseparável, a lembrar-nos do que foi. Mas, um dia, quase sem aviso, começamos a perceber que a presença que faltava já não é um vazio; é só um espaço, em paz. É curioso como o coração vai encontrando outras rotinas, outros ritmos. No começo, falta tudo: o toque, as conversas, as risadas, a mão na nossa, aquele olhar que nos aquece, a companhia que achávamos insubstituível. Mas aos poucos, o que era necessidade torna-se escolha. E então, há liberdade. Liberdade para ser inteiro sem precisar de completar ninguém.
E é nesse momento, quando a falta já não machuca, que percebemos o quão longe fomos. Deixamos de nos prender as lembranças dolorosas, às saudades de quem nos fez bem, às incertezas, ao medo do agora e do depois, ao ciúme, á solidão, a memórias, e de alguma forma, encontramos uma tranquilidade estranhamente nova. Aqueles apertos no peito, que antes pareciam sufocantes, tornam-se momentos que serviram para nos percebermos melhor. É como se o nosso coração tivesse aprendido a viver sozinho, a ocupar-se de si, sem pressa.
Agora, o que antes era espera é uma nova fase, onde as lacunas são vistas com leveza, quase gratidão. Não apagamos o que sentimos porque vive dentro de nós, mas deixamos que vá descansando onde pertence. Seguimos adiante, e, quem sabe, o que antes foi ausência ou incerteza, talvez hoje seja a nossa melhor forma de companhia: um amor próprio que, aprendeu a ser pleno em si.
Muito obrigada!
Damian Drewniak Fotografia