18/09/2024 às 12:05

O Trono

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O Alfredo, um tipo simples e trabalhador, encontrava os seus momentos de glória diária no seu trono… a sanita. Com as calças descidas até aos tornozelos e o telemóvel em punho, ele deixava a mente vaguear por territórios que, na verdade, só existiam nas redes sociais. Aquelas belas nádegas que ele via desfilar no ecrã faziam-no suspirar. Ele pensava: "Ai, se eu tivesse uma mulher destas..."

Mas a realidade era bem diferente. Alfredo sabia que não tinha lá muito jeito com as mulheres, quanto mais com aquelas beldades de Instagram, com os seus corpos esculturais e bronzeados perfeitos. _"Se até para fazer 10 flexões fico com os fobes de fora, imagina cavalgar uma dessas moças", pensava ele, soltando uma risada entre o som da descarga de água do autoclismo.

Enquanto deslizava o dedo pelo ecrã, apreciava as curvas como um sommelier aprecia um bom vinho, só que, ao invés de degustar, ele apenas observava. Sabia que nunca teria “mão” para aquelas belezas que via, mas isso não o impedia de sonhar. Afinal, o único lugar onde o Alfredo se sentia verdadeiramente "Rei" era ali, no seu trono de porcelana, onde ninguém o julgava… exceto talvez o gato, que o olhava de soslaio, que parecia dizer: "Sonha, Alfredo, sonha, mas por favor sonha longe deste pivete."

E assim, entre devaneios e a inevitável descarga de água, o Alfredo já enjoado com o cheiro moribundo que tinha tomado conta do pequeno espaço, fechava mais um capítulo do seu modesto e hilário reinado na casa de banho, onde tudo era permitido… menos o impossível.

18 Set 2024

O Trono

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