Quase três da manhã e eu sem conseguir dormir... Como se dorme sem ti, quando já se provou o que é adormecer nos teus braços, meu João? Quando se sente o calor dos braços do homem que se ama, já não se quer o frio do espaço vazio.
Faz-me falta o calor da tua pele que combina tão bem com a minha, numa química indescritível. Gosto de pensar que somos um do outro desde o nascimento, porque este sentimento de pertença só acontece quando estamos destinados. Sonhei contigo a minha vida toda, pedi-te ao universo numa oração, e a vida trouxe-te embrulhado em sonhos, quando nada o faria prever. Um sonho que inicialmente não quis sonhar, mas deste-lhe tanta intensidade que fiquei sem medo de o viver contigo.
Fico aqui a sonhar com esse sorriso, que me preenche de uma forma indescritível, como se cada vez que sorris, desenhasses a minha felicidade em traços finos, sem grandes rabiscos, pois sei que tens medo que eu me canse de preencher a tua página. Mas diz-me, como posso cansar-me do teu olhar, João! Esse olhar pequenininho. Parece que ri constantemente. Como eu amo esses olhos. Vejo-me e revejo-me em cada piscar, como se eu vivesse dentro deles e só tivesses olhos para mim. Na verdade eu sei que só tens olhos para mim, porque nenhuma mulher te amaria como eu te amo, e nenhuma te faria sentir tão homem quanto eu te faço sentir. Tremes ao toque das minhas mãos e nada me faz mais feliz.
És tão homem! Tão másculo! Tão intenso! Tão forte! Sinto-o de tantas maneiras especialmente quando me colocas o braço por trás do pescoço e me puxas para ti, sem te importares se perco o equilíbrio, sinto a força de um homem que sabe que não me deixará cair. E depois... depois dizes-me com aquela voz de quem sabe o que quer: "Anda cá, por acaso eu disse para saíres dos meus braços?" E sem pedir licença, colas os teus lábios nos meus, sinto o gosto dessa boca que eu amo, o calor dos beijos no meu pescoço, nos meus ombros, e aqueles braços continuam a segurar-me com o vigor de um homem que me quer e não se importa de o demonstrar. Sinto-me amada como nunca me senti. Somos um do outro!
Podia dizer-te de mil maneiras que te amo, mas nada se compara ao amor que sinto quando ficas deitado ao meu lado e me olhas nos olhos sem pestanejar, talvez tentando desvendar o que vai na minha cabeça, porque achas que tudo isto é bom demais para ser verdade para pessoas da nossa idade. Eu confesso que já não ligo, finjo que não dou conta e fico ali a saborear o momento, enquanto com a ponta dos dedos memorizo cada curva do teu rosto, cada marca da idade, cada sinal, e sorrio, porque me lembro quando dizes que conheces cada pedacinho do meu corpo de cor, porque me lês em Braille devido aos meus sinais... Sorrio porque és tão lindo nas coisas que me dizes. E as coisas que me dizes são quase tão lindas quanto a transformação que vejo no teu semblante à medida que nos vamos conhecendo.
Sinto-te mais feliz, mais iluminado, ainda mais confiante e decidido, e até a ruga no centro dos teus olhos desapareceu. Estás tão bonito, João, e eu perco-me inteira entre beijar cada pedacinho do teu rosto, mordiscar-te, saborear-te, e tudo é tão delicioso de sentir.
Dizem que "as cartas de amor, são ridículas. Não seriam cartas de amor se não fossem ridículas." Muita gente tem vergonha do julgamento alheio e por isso tem medo de gritar o que lhes vai na alma, mas tu sabes que sou intensa demais para calar o que sinto e, sinto uma paixão avassaladora e um amor que eu sei que não preciso de temer... Porque contigo, tenho descoberto o prazer da cumplicidade total, da confiança genuína, da fibra de um homem que não me faz as vontades e que me faz descer à terra sempre que é necessário... Como eu precisava disto!
Contigo encontro a paz sem perder a paixão, e tenho a certeza que amo e sou verdadeiramente amada. Quero-te de verdade, amo-te de verdade, desejo-te de verdade, e seremos um do outro enquanto formos de verdade. E por ser verdade, um dia quero morrer nos teus braços meu amor.
